quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Invasão de privacidade


No prédio onde morava em Lisboa tinha uma porteira, a Rosa, é um amor de pessoa, nunca a via, mas sempre que precisava lá estava ela para ajudar.
Aqui no prédio onde moro também tem uma porteira, a Dona Vera, uma negona de minas gerais, muito simpática e que da parte da manhã esta sempre na porta do prédio.

Quando não preciso de ir trabalhar de manhã e fico em casa, normalmente ando pela casa de cuecas (boxers/samba calção), já em Lisboa era assim, a Joanina e os miúdos estão habituados, a empregada também! Visão do inferno pensam uns, humm que delicia pensam elas!!!
Ontem não tinha nada importante para fazer de manhã e por isso deixei-me ficar por casa, tocou a porta, a Zilda (empregada) estava a passar a ferro na área e eu fui ver quem era (de cuecas). Era a porteira que queria dar um recado à Zilda.
O facto de ela me ter visto de cuecas estando a empregada também em casa deve-lhe ter causado algum transtorno psicológico. A partir daí, de hora em hora ela vinha tocar aqui à porta com algum motivo insignificante, só para me controlar!

Como já estou sozinho em casa há 1 semana e não me dou muito bem com a solidão, ontem convidei um amigo meu de São Paulo para vir cá a casa jantar com a namorada dele.
Preparei um bacalhau com natas (que estava óptimo) e ele trouxe uma garrafa de vinho do porto, eu não gosto muito de vinho do porto, principalmente deste vinho que se vende aqui nos supermercados, por isso fiquei na cerveja. Esse meu amigo e a namorada durante o jantar limparam a garrafa toda de vinho. Como aqui a Lei Seca não é para brincadeira e eles ainda tinham 92km de estrada pela frente, disse-lhes para ficarem cá a dormir, havia um quarto livre e podiam ficar à vontade. Tudo bem!

Hoje acordamos cedo, o Marcos foi buscar o carro dele e eu desci com a namorada dele no elevador porque tinha de ir para uma reunião e ia aproveitar a boleia. Quando saio do elevador quem estava na porta à espera?
A porteira com cara de reprovação a olhar para mim!!! Eu cumprimentei-a como faço todas as manhãs e ela nem respondeu!

Já no outro dia, a mesma porteira, tinha tratado mal a estagiária do meu contabilista que veio cá a casa entregar-me o livro de notas fiscais e ensinar-me a mexer no site da Receita Federal (é uma ciência oculta essa coisa de contabilidade). Para quem não sabe, no Brasil não se pode emitir facturas pelo computador, tal como fazemos em Portugal, é preciso ir a uma gráfica e mandar fazer um livro de notas fiscais oficiais (rascas). Como finalmente começamos a ter projectos, mandei fazer uns 10 livros (isto é que é vontade de facturar).

Quem me conhece sabe que eu sou muito reservado em relação à minha vida pessoal, ela só diz respeito a mim e à Joanina, a mais ninguém! Por esse motivo nunca dei muitas confianças às empregadas, falo com elas, brinco, tudo numa boa, mas é só isso. Com que direito é que uma mulher que mal me conhece vem fazer julgamentos de carácter com base em suposições?

Sinceramente esta coisa de ter porteiro não é uma coisa que eu goste, eles recebem a minha correspondência em mão, por isso sabem quem me escreve, as contas que recebo, abrem a porta às pessoas que entram no prédio, dia e noite, podemos até ter algum ganho de conforto (será?) mas perdemos completamente a nossa privacidade!

Divirtam-se!!!

1 comentário:

  1. Ele(a)s são assim mesmo. Tem uma necessidade urgente de preencher as entrelinhas das histórias. E como nem sempre tem troco da nossa parte fazem toda a novela na cabeça. Não importa que isso fuja da realidade. São sem dúvida uma excelente fonte de informação ... mas também podem ser uma valente dor de cabeça

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